quinta-feira, janeiro 02, 2025

Conta comigo

 


Embora Stephen King seja conhecido como um escritor de terror, algumas das melhores adaptações cinematográficas de sua obra são de histórias que foge do gênero. Um exemplo disso é Conta comigo (Stand by me).

Lançado em 1986 e dirigido por Rob Reiner, o filme é baseado em uma novela de King, O corpo, publicada no livro As quatro estações.

Na trama, quatro garotos de 12 anos descobrem o paradeiro do cadáver de um garoto que foi atropelado pelo trem e decidem empreender uma jornada até o local. São dois dias de caminhada nos quais encontram os mais diversos perigos, de um cachorro em um ferro velho a sanguessugas. A história é contada por um dos garotos, já adulto, e por isso é carregada de nostalgia.

Embora haja muitos perigos, vistos em perspectiva, há uma única situação em que eles correm um risco real: na cena da ponte, gravada com maestria tão grande que nos encolhemos na poltrona torcendo pelos garotos. Nas outras, o que percebemos é que a imaginação tornou os perigos maiores do que de fato eles eram.

O interessante aqui, no entanto, não são os perigos externos, mas a jornada interna dos personagens. Há o protagonista que perdeu o irmão e sente que não é amado pelos pais, há o amigo vindo de uma família de ladrões que todos julgam ser também um ladrão, há um garoto cujo pai foi internado num hospício e quase queimou sua orelha, mas mesmo assim o idolatra. São personagens surpreendentemente complexos enfrentando os desafios do fim da infância e o do início da adolescência. E o que os ajuda nesse processo são as amizades. “Eu nunca tive amigos como aqueles dos meus doze anos, mas quem os teve?”, pergunta o narrador, sintetizando todo o tema do filme.

Conta comigo se tornou o paradigma das histórias sobre amizade, influenciando dezenas de outras produções. Posso citar pelo menos duas de cabeça: a série Anos incríveis e o álbum Turma da Mônica Laços.

Não por acaso, o filme fez muito sucesso. Custou oito milhões de dólares (uma ninharia) e arrecadou, só nos cinemas, 53 milhões. Todo mundo que já teve amigos no final da infância e início da adolescência se identifica em maior ou menor grau com a jornada enfrentada pelos personagens. Dizem que Stephen King teria chorado ao assistir ao filme pela primeira vez. Quem não choraria?

Atualmente Conta comigo está disponível na Netflix.

Sem comentários: