quarta-feira, janeiro 01, 2025

Homem-Animal – Em nome da ciência

 

Homem-Animal, de Grant Morrison foi uma das muitas séries da década de 1980 que constestaram o caráter ético da ciência. E em nenhum número esse aspecto ficou tão patente quanto no 17.

A história começa com o herói e alguns ativistas resgatando macacos usados em experiências científicas. Alguns deles têm as pálpebras costuradas. “Experimentos com privação visual!”, explica um dos ativistas. “Totalmente inúteis. Esses macacos passam a vida na escuridão e depois são assassinados! Alguém ganha um fundo... e escreve uma tese sobre algo que todos os cientistas já sabem!”

O Homem-animal resgata animais vítimas de experiências científicas. 


Morrison poderia transformar isso num panfleto, mas insere um problema ético quando se descobre que um dos ativistas colocou fogo no laboratório e três bombeiros se queimaram seriamente ao tentar apagar o incêndio. “Meu Deus, Buddy, veja o que está dizendo! Você não conversa mais... dá palestras!”, reclama um amigo.

Morrison aproveita para recontar (pela enésima vez) a origem do Homem-Animal, agora em sua versão definitiva, na qual ele era um punk que queria começar uma banda antes de adquirir os poderes.

Um super-herói particpando de um programa de debates? 


Mas, pessoalmente, a razão pela qual essa história se tornou célebre para mim é outra. Na HQ, o Homem-Animal vai para um programa de debate de TV sobre uso de animais em experiências científicas! Eu não me lembro de nada minimamente parecido em um gibi de super-heróis.

Na década de 1980 os artistas de quadrinhos pareciam dispostos a romper todas as fronteiras do meio... e o título do Homem-animal estava na vanguarda desse processo.

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