Homem-Animal, de Grant Morrison foi uma das
muitas séries da década de 1980 que constestaram o caráter ético da ciência. E
em nenhum número esse aspecto ficou tão patente quanto no 17.
A história começa com o herói e alguns
ativistas resgatando macacos usados em experiências científicas. Alguns deles
têm as pálpebras costuradas. “Experimentos com privação visual!”, explica um
dos ativistas. “Totalmente inúteis. Esses macacos passam a vida na escuridão e
depois são assassinados! Alguém ganha um fundo... e escreve uma tese sobre algo
que todos os cientistas já sabem!”
O Homem-animal resgata animais vítimas de experiências científicas.
Morrison poderia transformar isso num
panfleto, mas insere um problema ético quando se descobre que um dos ativistas
colocou fogo no laboratório e três bombeiros se queimaram seriamente ao tentar
apagar o incêndio. “Meu Deus, Buddy, veja o que está dizendo! Você não conversa
mais... dá palestras!”, reclama um amigo.
Morrison aproveita para recontar (pela
enésima vez) a origem do Homem-Animal, agora em sua versão definitiva, na qual
ele era um punk que queria começar uma banda antes de adquirir os poderes.
Um super-herói particpando de um programa de debates?
Mas, pessoalmente, a razão pela qual essa
história se tornou célebre para mim é outra. Na HQ, o Homem-Animal vai para um
programa de debate de TV sobre uso de animais em experiências científicas! Eu
não me lembro de nada minimamente parecido em um gibi de super-heróis.
Na década de 1980 os artistas de quadrinhos
pareciam dispostos a romper todas as fronteiras do meio... e o título do
Homem-animal estava na vanguarda desse processo.
Sem comentários:
Enviar um comentário