quinta-feira, setembro 16, 2021

Superman: Para o homem que tem tudo

 



Alan Moore escreveu três histórias do Superman. Uma delas, “O que aconteceu ao Homem de aço” é uma bela homenagem à era de prata. Uma história nostálgica até a medula. Já “Para o homem que tem tudo” é Alan Moore fazendo aquilo que o notabilizou: uma visão totalmente inovadora sobre um super-herói.
A história se passa durante o aniversário do Superman. Batman, Robin e Mulher Maravilha vão visitá-lo na Fortaleza da Solidão e o encontram paralisado com uma planta alienígena grudada ao seu peito. O vilão Mongul aparece e explica que se trata da Clemência Negra, um parasita que se alimenta da bioaura de suas vítimas. Em troca, ela concede à vítima seu maior desejo. Assim, imersas em um mundo ilusório, as vítimas não reagem e se deixam sugar. Escapar dessa prisão psíquica seria como arrancar o próprio braço, explica o vilão.
Alan Moore usa o conceito para destrinchar a psicologia do Superman, suas motivações e, ao mesmo tempo, criar uma história imaginária aproveitando muitas das pontas soltas criadas por outros roteiristas.


No mundo de sonhos vivido pelo herói, Kripton não explodiu e Kal-El vive uma vida pacata, como cientista, é casado com uma ex-atriz e tem dois filhos.
A sacada de Alan Moore é genial: o maior sonho do Superman é não ser o Superman.
A HQ traz duas tramas paralelas: no mundo real, a Mulher Marvilha enfrenta Mongul (que lhe pergunta se ela seria a “procriadora” do Homem de aço) e Batman tenta retirar a planta.
Enquanto isso, no mundo de sonhos, Kal-El vive uma vida pacata.
Mas há algo de podre no paraíso: Kripton está dividido por duas correntes ideológicas e o conflito entre essas duas pode levar a uma guerra civil. De um lado aqueles que acham que a zona fantasma é um tipo de tortura e culpam a família El por isso (Kara, a prima do herói, conhecida como Supermoça é agredida por um grupo). Do outro lado um grupo conservador, liderado por Jor-El, pai do Superman, que culpa imigrantes por uma suposta decadência kriptoniana e prega um retorno à velha Kripton.
Com o desenho do sempre competente Dave Gibbons essa história se tornou instantaneamente em um dos maiores clássicos do Homem de aço.

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